Sento-me ao colo da saudade...
Lembro-me de mim feliz e de ti realizado.
Sento-me na poltrona da solidão e choro-te.
Sento-me no vazio do silêncio
e doem os gritos de revolta, que se calam
nas palavras mudas da tua ausência.
Espreito a ternura do teu olhar,
nos retratos envelhecidos pela nostalgia,
e, nas paredes brancas sinto ainda o perfume mórbido,
das flores que te aconchegaram o eterno sorriso.
Observo-te todos os dias através das estrelas,
sim, porque há sabedoria no olhar.
Sempre que guardo as lágrimas no bolso,
há sangue que se derrama no sol
e não me deixa ver o teu brilho.
Vivo porque não te deixaram,
mas és em mim o que não me permitem ser.
És a música que ouço quando busco a paz,
e sempre que a alma tenta desistir
és tu que sorris às forças que voltam.
Beijo-te o rosto no vácuo da noite, quando me deito,
e sinto a sombra fresca da tua imagem,
que me aconchega os sonhos!
Adormeço, entretanto...
Pudesse eu viver no espaço que separa
a minha transcendência da tua ausência...
Pudesse eu passar mais uma eterna tarde,
a jogar raquetes contigo na praia…lembras-te?!
Pudesses …pudesse...
Pudesse eu...dizer amo-te, pela última vez...
Quem sabe, um dia no futuro tocaremos o céu juntos!
bluesmile
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