1/03/2011

II - Outono



Mac Barcelona 2010
Mas continuo a escrever...
É inverno.
Nas noites quentes da lareira, medito.
Deixo que as brasas queimem as dores até ao fim.
Anestesiada pelas palavras escrevo.
Escrevo nas cinzas o que a memoria não apaga.
Choro.
Rio.
Quiçá,
Ouço.
Mas continuo a escrever
Até conseguir preencher cada palavra que escrevo.
Gosto de me preencher com letras.
Gosto de misturar o tempo com as palavras.
Saborear cada sílaba no silêncio da pontuação.
Sou eu apenas com as palavras.
São apenas as palavras e eu.
Sou eu e as palavras.
São as palavras e eu.
Sou eu que escrevo as palavras.
São as palavras que me escrevem.
Sou eu que leio as palavras.
São as palavras que me lêem.
Sou eu a tentar dizer algo sobre as palavras.
São as palavras a tentar dizer algo sobre mim.


Mas continuo a escrever,
Na esperança de dizer qualquer coisa com sentido
Através das palavras.
Ou, através das palavras dizer qualquer coisa sobre mim.
Mas,
Entre eu e as palavras,
O silêncio que não as verbaliza!

1 comentário:

Anónimo disse...

Preenches infinitamente cada palavra que escreves.. E eu amo incondicionalmete as tuas palavras.