3/28/2011

espanta espíritos cá de casa

hoje apenas penduro o olhar
na esperança de me voltar a ver!

3/26/2011

o sangue brota da maça



foto montagem


era primavera,
no calendário que corrói as pessoas.
para mim era outono
ainda assim
avistei uma maçã!
alguém me disse que
para colhê-la corria o risco de cair!
eu, sem hesitar subi.
subi visceralmente como se escalasse a dor
que me rasga a pele
sem pedir licença.
alcancei a maça
superei o sofrimento!
sarei as feridas com
o suor da persistência.
já em terra firme
percebi que, por vezes para nos superarmos
temos que nos pôr à prova.
vencer o medo com a vontade.
a vida tenta-nos,
oferece-nos o fruto
mas a maneira como usufruímos dele
deixa por nossa conta!
a verdade é que pela primeira vez
deixei que o sumo doce da maçã
fizesse amor com o sangue
que me alimenta.
pela primeira vez
trinquei a maçã
como se devorasse o amor eterno!
pela primeira vez
dei conta que um simples gesto
pode mudar o que sentimos para sempre!
e aprendi que a vontade de ser feliz
pode ganhar ao medo, ainda este que intimide!
mais, aprendi que o simples acto de trincar uma maçã
nos pode alimentar para o resto da vida e,
que o proibido
só existe, na medida em que não nos consentimos
ser. simplesmente!

3/25/2011

um frame de vida!

a percorrer o caminho...

pudesse eu fotografar os suspiros que escapam destas paredes brancas,
que nuas procuram um nome!

dispo-me da dor
que já não quero sentir
deito-me sem pressa de adormecer.
fecho os olhos à solidão
do tempo que agora é só meu
e, ainda que doa,
expulso-te dos pensamentos
que já não te pertencem.
pelo meu corpo
semeio agora as sementes dos lírios
é primavera! e apesar das cores do outono
vestirem ainda este quarto
deixo o sol entrar!
na espera acredito num nome
acredito que existe alguém
que goste de beijar as palavras como eu,
que goste da beleza da noite
e das manhãs sem pressa.

existem pessoas que nos tocam
e que até mesmo em silêncio
tornam os momentos únicos e belos,
contudo acredito que existe uma só
que, apenas em 3 segundos
vai conseguir o meu tempo
para todo o sempre.

pode-se levar uma vida inteira
à espera
ou pode ser logo ao virar de uma
qualquer esquina
ou pode até ser quando nos permitirmos
olhar honestamente e sem medo
para as pessoas
mas,
ainda que só a encontre no final do caminho
terá valido a pena
porque nesse dia
não vou precisar de escrever
pois existirá alguém
que saberá ler os meus pensamentos
e, dessa forma,
beijaremos as palavras como elas merecem.

pudesse eu fotografar
um dia esse momento
para poder acolher a morte
com um sorriso completo
e, com o dever
de ser feliz realizado.

 

3/21/2011

só hoje


madrid 2010


hoje e só hoje
me vou permitir
admitir que as pessoas me desiludem.
hoje e só hoje
me vou permitir chorar
por quem já não vive em mim.
hoje e só hoje
vou beber o sangue
que as palavras derramaram.
hoje e só hoje
vou permitir que o sol trema
e estremeça os pilares do que sinto.
hoje e só hoje
vou deixar que a lua
me incendeie a ilusão
de ti que já não existes.
hoje e só hoje
vou-me embriagar
com o teu perfume
egoísta.
hoje e só hoje
vou foder o preconceito
que habita em ti.
hoje e só hoje
vou ser fraca
e vou deixar
que a tua ausência me penetre.
hoje e só hoje
vou lembrar-me
que um dia te admirei.
hoje e só hoje
vou permitir
que a dor me abrace
e me sugue tudo o que não quero lembrar.
hoje e só hoje
vou brindar ao que vivemos,
hoje e só hoje
porque amanhã
o meu ser renasce
na procura de quem aceite os lírios
sem medos e preconceitos.
até já !

p.s. the lily means: i dare you to love me.

2/09/2011

dia d

eu no jardim da gulbenkian

podem tentar cortar-me as asas
mas não a vontade de voar.
oriento-me pela crua verdade.
a força é o meu leme,
a poesia é um bem querer
que me faz bem, e me alimenta,
e, a música é um amor
que me acalma!
as lutas provocam a regeneração
das forças
e, por isso, vivo na rebeldia da injustiça
que teima, constantemente, provocar-me
e que eu, constantemente,
teimo em arrostar!
como?
com a força inabalável dos sorrisos
que descaradamente me definem!
ao dia d de hoje,
simplesmente sorrio!


botequim da graça - 21h do dia 11-1-11

1/07/2011

IV - Outono

jardim da gulbenkian - 2010

hoje vou levar as palavras para a cama. vazia.
talvez caminhe pelos bosques da memória.

1/05/2011

III - Outono

outono 2010

















hoje vou recolher o mel do Outono 
só para mim.
e, nas árvores despidas de ti,
vou acordar-te nos 
meus breves sonhos
e dizer: bom dia ternura!

1/03/2011

II - Outono



Mac Barcelona 2010
Mas continuo a escrever...
É inverno.
Nas noites quentes da lareira, medito.
Deixo que as brasas queimem as dores até ao fim.
Anestesiada pelas palavras escrevo.
Escrevo nas cinzas o que a memoria não apaga.
Choro.
Rio.
Quiçá,
Ouço.
Mas continuo a escrever
Até conseguir preencher cada palavra que escrevo.
Gosto de me preencher com letras.
Gosto de misturar o tempo com as palavras.
Saborear cada sílaba no silêncio da pontuação.
Sou eu apenas com as palavras.
São apenas as palavras e eu.
Sou eu e as palavras.
São as palavras e eu.
Sou eu que escrevo as palavras.
São as palavras que me escrevem.
Sou eu que leio as palavras.
São as palavras que me lêem.
Sou eu a tentar dizer algo sobre as palavras.
São as palavras a tentar dizer algo sobre mim.


Mas continuo a escrever,
Na esperança de dizer qualquer coisa com sentido
Através das palavras.
Ou, através das palavras dizer qualquer coisa sobre mim.
Mas,
Entre eu e as palavras,
O silêncio que não as verbaliza!

1/02/2011

I - Outono



parque do retiro - madrid  

Cai o Outono...
Através destas lágrimas que já nem a sal sabem.
Procuro-me no espaço onde não cabem as palavras.
Não consigo localizar tudo o que sinto.
Crescem jasmins de emoções e,
O perfume confunde o caminho.
Fico presa, inerte nos odores que me perseguem.
Quero recolher-me, preciso de mim lúcida.
Preciso de meditar sobre a razão de escrever.
Os pensamentos centrifugam-se a uma velocidade vertiginosa.
A orgia solta palavras proibidas que teimam colar-se,
Nas frases que não quero escrever.
Os desabafos, contidos nos nervos, das folhas amareladas,
Voam de passeio em passeio.
E, através do vento,
Pousam na janela do esquecimento.

1/01/2011

novo começo

Mac barcelona 2010

O novo ano emerge na intrínseca solidão das noites
Sinto uma loucura visceral de viver
Este ano vou ser sem condições
Sem preconceitos
Sem medo de olhares estranguladores
Que teimam em acertar nas asas
Para impedir o voo

A vida não pode resultar de veleidades
A vida são os instantes concretos e fugazes
Em que nos permitimos ser
Como o agora
Em que a música me penetra
E, tantricamente me possui
À medida que o volume tenta violentar
Os pensamentos que dançam numa orgia de emoções

Sou um espírito livre
Só eu posso desenhar a rota
Mas teimo a perder-me nas nuvens
Preciso mais que o sol
Preciso mais que a chuva
Busco incessantemente não sei bem o quê
Mas sangro no caminho

Sofre-se em ser-se simples
Mas juntem-se a mim
Fantasmas meus
Vivamos no instante
Que nos pertence
Suguemos a nossa própria eternidade
Na nudez dos dias sangrentos